sexta-feira, novembro 14, 2003

Vida

Todas as vezes que vou ao hospital ver meu avô fico ao mesmo tempo triste e esperançosa. Não me sai da cabeça a reflexão sobre até onde a força que o faz continuar é obra de Deus e até onde é sua própria luta. Ele sempre foi uma pessoa desanimada, cheguei a pensar que havia desistido de viver, que queria descansar de tudo. Mas ao vê-lo resistir a todos os contratempos, mostrar que apesar de não aparentar, seu corpo apresenta bons resultados (os exames mostram isso), imagino que talvez o amor o faça continuar. Primeiro, o da minha avó, obstinado e invencível, depois o de nós todos da família. São diariamente rezas (católicas, espíritas, protestantes e até de ateus, se é possível...), visitas de netos e filhos, conversas de apoio.
Procuramos não deixá-lo esquecer dos seus patos e marrecos, da sua cadela, de suas orquídeas e bromélias, dos seus peixinhos, das borboletas e dos pássaros que alimenta na sua varanda. Damos doses diárias de vitalidade para que não esqueça as coisas da natureza, que sempre amou.

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