quarta-feira, fevereiro 20, 2008

O mundo que meu filho vai ganhar

Dois episódios hoje me fizeram pensar nos rumos da humanidade. O primeiro foi retratado na minissérie "Queridos amigos", que mostra Betinho chegando ao aeroporto com a anistia. Sinceramente, todas as vezes que vejo essa imagem caio aos prantos. É como se o sociólogo fosse alguém da minha família, uma figura que fez parte da minha vida. E realmente fez, mesmo que indiretamente, mesmo que eu não o tenha conhecido pessoalmente.
O segundo fato foi a renúncia de Fidel Castro. É claro que isso vai representar uma mudança. Aliás, é o último território socialista do mundo. Para a maioria das pessoas significa a derrocada de um regime que era condenado ao fracasso. É claro que os países que passaram por esta experiência não tiveram muito êxito, tampouco apoio popular. Mas começo a pensar que hoje não temos dois lados para torcer. É como se você estivesse em um campo de futebol onde só houvesse um time e, sinceramente, não é o seu favorito.
Não sou a favor de ditaduras. Mas se os Estados Unidos não são também, porque financiaram a nossa, a da Argentina, a do Chile? Ora, o que me deixa com uma certa tristeza é saber que meu filho vai encontrar um mundo cada vez mais distante de idéias de solidariedade, como Betinho pregou; de uma esperança em acreditar que o homem pode partilhar. Meu filho vai nascer em um lugar onde só é possível competir, consumir, pensar apenas em si ou no máximo na sua família.
Mesmo não sendo socialista e entristecida com o que a esquerda brasileira se transformou, pelo menos, a lição que eu aprendi foi a de pensar no próximo, acreditar que muitos devem ter muito e não, que enriquecer enquanto o outro passa fome é absolutamente normal. Meu pai sempre pensou que um outro mundo é possível. E me apresentou os dois lados da moeda. Eu tinha os Estados Unidos e URSS para torcer. Podia escolher entre Lula e Collor. Hoje não há mais idéias para serem debatidas, mais discussões acaloradas (e as vezes chatas também). Só existe um único pensamento, o de olhar para o próprio umbigo. E é neste cenário que meu filho vai atuar. Espero que ainda reste um pouco de boas reflexões e mesmo utopias para transmiti-los e que ele e sua geração encontrem novos times para rivalizar com este que está aí.

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