2Não poderia deixar de comentar o quanto é maravilhoso o episódio 9 da sexta temporada de Lost. "Ab aeterno" traz muitas explicações interessantes, mas como bem disse o blog Papo Série do O Globo, o mais fascinante é a narração de personagens. Richard Alpert merecia um episódio para chamar de seu e conseguiu demonstrar força, coragem, amor e resignação ao mesmo tempo. Lindo!
Veja o comentário do Papo Série:
"E, finalmente, 'Lost' chega à metade de sua última temporada. Penso que, agora, já é possível fazer uma avaliação mais consistente sobre o que aconteceu nestes primeiros nove capítulos do sexto ano. Mais especificamente, sobre como este magnífico episódio se encaixa dentro desta fantástica - literalmente - jornada. 'Ab Aeterno' ficará marcado, e entrará para a história, como um dos melhores episódios de 'Lost' de todos os tempos. Se você não viu e prefere não saber detalhes, sugiro que pare de ler. E, sob hipótese alguma, assista aos vídeos abaixo.
Particularmente, adoro quando os autores deixam um pouco de lado a trama de seus principais protagonistas - "os seis da Oceanic" ou "os candidatos" - e investem num recorte dramático de um personagem, não menos importante, mas que não se encaixe nas categorias acima. Como já foi feito anteriormente com Desmond no também excelente 'The constant', considerado o melhor episódio de todos por muitos fãs.
Posto isso, muita, mas muita coisa mesmo foi dita neste 'Ab Aeterno' (609), capítulo centrado no enigmático e carismático Richard Alpert, cujo flashback talvez tenha sido o de maior duração em toda a série. De minha parte, tudo o que posso dizer é que foi com muita alegria e satisfação que fiquei sabendo por quê e como o Black Rock parou na ilha (mais precisamente, no meio da floresta); como Richard foi parar no navio; como a estátua foi destruída; por quê Alpert não envelhece; qual sua relação com as correntes; e, simplesmente, o quê é a ilha.
Entretanto, por mais que as respostas estejam sendo dadas, elas são, de longe, o que menos me interessa. Isso porque os autores conseguiram responder várias questões levantadas durante esses seis anos sempre em função da trama, fazendo-a avançar constantemente. Isto quer dizer que, às vezes, questões importantes são respondidas, praticamente, en passant. E aí, você, espectador, se conscientiza de que aquilo não é o mais importante. O mais importante - como os produtores sempre afirmaram - é a história de vida dos personagens e como eles interagem naquele ambiente estranho.
É interessante notar também que, com o capítulo de ontem, 'Lost' abraçou, definitivamente, na minha opinião, seu estilo Stephen King, reconhecida inspiração e paixão dos autores da série. Estrutura narrativa (dimensões paralelas e saltos no tempo) e personagens de 'Lost' poderiam muito bem "habitar" alguns livros de King; mais notadamente, suas obras fantásticas, como a série "A torre negra" e "O talismã", cujo protagonista se chama Jack Sawyer!
Além da atmosfera impregnada de suspense, é comum nos livros mais longos de King que a história leve um certo tempo para "engrenar". Como se, num livro de mil páginas, as coisas começassem a esquentar lá pela página 300. Entretanto, estas primeiras trezentas páginas estão longe de serem dispensáveis. Muito pelo contrário. Mal comparando, é o que vem acontecendo com esta última temporada de 'Lost', já tendo ocorrido algo semelhante em temporadas passadas.
Após alguns episódios causarem desconfiança em milhares de espectadores - que, somente agora, passam a começar a enxergar a realidade paralela (os flash sideways) com outros olhos -, a mais original série de TV de todos os tempos ofereceu uma sequência de três capítulos, a meu ver, históricos. De 'Dr. Linus', passando por 'Recon' até este soberbo 'Ab Aeterno', os produtores mostraram a todos os seus detratores o seguinte: 'vocês esqueceram com quem vocês estão falando? Por acaso esqueceram o que já fizemos?'
Como não dão ponto sem nó, os autores inclusive se divertem brincando com especulações - algumas estapafúrdias - sobre o que seria a ilha e o que teria acontecido com os passageiros do Oceanic 815. O início do 609, com a declaração de Alpert - 'estamos todos mortos; isto não é uma ilha, é o inferno' -, é, simplesmente, genial. Aliás, como toda a discussão teológica gerada pelos questionamentos acerca da figura do diabo.
As conversas entre Richard/Ricardus, Jacob e o "Homem de Preto" também são um marco. E deixam as perguntas para o público: afinal, quem está manipulando quem? Quem está dizendo a verdade e quem está mentindo? E, mais importante, com a ilha submersa na realidade paralela, o "mal" se espalhou ou simplesmente desapareceu? Seria este o primeiro ponto de esclarecimento de como as duas realidades irão se cruzar?
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