terça-feira, junho 22, 2010

Crise afeta Iuperj

(Fonte: Folha de S. Paulo)
Os 20 professores do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), instituição de pós-graduação ligada à Universidade Candido Mendes, pedem demissão hoje de manhã. À tarde, em ato solene com a presença do governador Sérgio Cabral, o grupo será incorporado à Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Contratados como professores visitantes, eles formarão um novo núcleo de pós-graduação.
A decisão de romper com a Candido Mendes foi tomada por causa de atrasos nos salários. Há seis meses os professores não recebem. A dívida, de acordo com os docentes, inclui o pagamento de garantias trabalhistas, como FGTS e férias. O Iuperj foi criado em 1964 como instituto de pesquisas. Em 1969, transformou-se em centro de pós-graduação e pesquisa em ciências sociais.
Ele formou 471 mestres e 281 doutores.Tirou conceito máximo (5) na última avaliação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), sobre o período 2004-2007. Já fizeram parte de seu quadro nomes como Bolivar Lamounier, José Murilo de Carvalho, Sergio Abranches, Simon Schwartzman e Wanderley Guilherme dos Santos. No grupo que segue para a Uerj estão, entre outros, Fabiano Guilherme Santos, Jairo Nicolau, Luiz Werneck Vianna, Renato Lessa e Ricardo Benzaquem de Araújo.
Para deixar a Candido Mendes, o grupo vai entrar na Justiça com um pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho, previsto na CLT. O dispositivo pode ser usado quando o empregador deixar de cumprir as obrigações previstas no contrato. O grupo teve o apoio dos cerca de 200 alunos da instituição. Em uma carta, os estudantes afirmam que seguirão os professores na Uerj. Nas negociações com o governador e com o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, foi estabelecido que os membros do grupo seriam recebidos sem vínculo empregatício, recebendo bolsas.
O salário médio dos professores do Iuperj é de R$ 8.000 brutos. As bolsas são de R$ 6.700. Ainda assim, os professores consideraram a troca vantajosa.
"Melhor ganhar menos, mas receber, do que ter um salário mais alto que nunca é pago", disse um deles.
A Folha apurou que há resistência dos professores da Uerj à absorção do grupo. Queixam-se de que eles trabalhariam apenas na pós-graduação, sem dar aulas na graduação. "Eles não terão turmas, mas farão seminários para os alunos", explica o reitor. Na universidade, teme-se também que, depois do fim das bolsas, o grupo seja incorporado "pela janela", sem concurso público. "A contratação será por concurso", diz Vieiralves.

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