Ao ler o artigo "Nunca tive amigo negro", do leitor Cláudio Dutra, no O Globo, pensei naquela campanha Onde você esconde seu preconceito?, veiculada na TV há alguns anos. Tanto o artigo quanto a frase da propaganda indagam sobre com o brasileiro tem preconceito, mas o mascara de várias formas, principalmente embranquecendo quem admira. Você não vê ninguém na rua, referindo-se àquela mulher negra, mas "moreninha", "escurinha" e outros adjetivos, como se fosse pejorativo referir-se à raça negra.
Meu marido, certa vez me contou que seu professor de inglês, norte-americano, espantou-se com o racismo camuflado do brasileiro. Ele chegou a dizer que aqui o problema é mais sério que em seu país. Lá, apesar do sofrimento por que já passaram, eles têm consciência de sua raça e se impõem socialmente. Aqui, ninguém quer ser negro, então fica difícil lutar por algo que não se reconhece ser direito seu, mas do outro. Esse professor falou que em um projeto comunitário com crianças carentes, a maioria era negra, mas se desenhava branca e às vezes, loira. Uma menina negra ou branca jamais vai eleger primeiro uma Barbie negra, mas loira de cabelos lisos. Hoje até existe uma princesa da Disney negra, a personagem principal de "A princesa e o sapo", mas duvido que uma menina a prefira, em vez de Cinderela, Branca de Neve ou A bela adormecida.
Enfim, é um problema muito mais complexo de se resolver, porque simplesmente não se consegue enxergá-lo. O importante é que as pessoas comecem a fazer o exercício diário de saber valorizar as pessoas, e, claro, não por sua cor, mas por seu talento, caráter, afinidade. Mas entender que todos merecem ter seu lugar na sociedade, ocupar os melhores postos de trabalho, ter sua auto-estima elevada e ter a chance de acreditar no seu potencial e na sua beleza.
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