(Do site do Sindicato dos Jornalistas)
O motorista que dirigia o carro em que estava o presidente do STF, Gilmar Mendes, nesta terça-feira, no Rio, provou em duas ocasiões ter muita habilidade ao volante – na entrada e na saída da Fundação Getúlio Vargas. Ele precisou acelerar e fugir, na Praia de Botafogo, para escapar do assédio indignado de jornalistas e estudantes que se concentravam no local, em protesto contra o fim da exigência do diploma em Jornalismo para a prática da profissão.
Poucos minutos antes das 17h, quando estava previsto o início de uma palestra que o ministro faria na FGV sobre administração no Poder Judiciário, os manifestantes iniciaram a concentração. O presidente do STF chegou com meia hora de atraso. O protesto terminou por volta das 19h30, com a saída do carro de Gilmar em disparada, com proteção de pelo menos 15 PMs e guardas municipais que permaneceram no local durante todo o tempo da manifestação.
Numa espécie de vigília em frente à Fundação, os manifestantes concentravam todas as críticas no presidente do STF. Gritavam palavras de ordem como “Jornalista diplomado é igual a advogado” e lembravam que “jornalista não é capanga”, em referência a palavras do ministro Joaquim Barbosa que em discussão com Gilmar Mendes, durante sessão no STF, disse que não era um de seus capangas.
Os estudantes se revezavam no uso do megafone e insistiam em chamar o presidente do Supremo de “Gilmar Dantas”, em relação ao banqueiro Daniel Dantas, preso pela Polícia Federal e posto em liberdade por meio de habeas corpus concedido em duas ocasiões pelo ministro.
“O ministro Joaquim disse também que Gilmar 'Dantas' mantém escravos em sua fazenda. E é isso que ele tem de entender: jornalista não é escravo”, reclamou o estudante Claudio Neves, que de megafone em punho passou depois a gritar: “Ô Gilmar Dantas, pode esperar, a sua hora vai chegar!”
Os estudantes anunciaram disposição de participar de outras manifestações de repúdio contra a decisão do STF. “Espero que os estudantes e os jornalistas não dêem paz ao Gilmar Mendes, enquanto ele continuar a desrespeitar as profissões e valorizar apenas medicina e engenharia, e só incluir advocacia por corporativismo”, disse Cesar Araújo, vendedor de livros no centro da cidade, que parou alguns minutos para se solidarizar com a manifestação.
O repórter fotográfico Alberto Jacob Filho, diretor do Sindicato e presidente da Arfoc-Rio, participou da manifestação novamente vestido de cozinheiro, parodiando a comparação feita por Gilmar Mendes desta profissão com a de jornalista. (25/06/09)
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