A notícia de que mais cinco cubanos entraram em greve de fome após a morte do dissidente Orlando Zapata pode ser um indício de que algo está para acontecer. Tal atitude nada mais é que um protesto legítimo contra a política vigente em Cuba. Trata-se de uma manifestação silenciosa do povo insatisfeito com a ditadura presente na Ilha há cinco décadas. E essas vozes caladas há tanto tempo, um dia iriam gritar de alguma forma mesmo. Tal movimento me faz lembrar da política de não-violência de Mahatma Ghandi, que conseguiu libertar a Índia do Império Britânico através de uma luta pacífica, sem armas, sem violência. Quem sabe o povo cubano não consiga libertar seu país de uma ditadura, transfomando a ilha caribenha em um país democrático? Quem sabe a greve de fome tenha sido uma saída eficaz encontrada pelo povo?
Posso estar fazendo uma análise prematura ou mesmo ingênua e que talvez tal comportamento seja uma manifestação de poucos, já que os muitos acabam sendo reprimidos ou simplesmente se acomodam, ainda que desgostosos. Como eu disse ontem, acho bastante reducionista o presidente Raúl Castro falar que a morte de Zapata seja culpa dos Estados Unidos. Não é. Trata-se somente da tentativa de alguém mostrar que não concorda com as prisões políticas feitas pelo Governo. E contra greve de fome não há ações ou argumentos. Neste caso, os caminhos são: ceder às reivindicações ou deixar que as pessoas definhem (algo nada simpático, que no mínimo, esbarra em questões de Direitos Humanos) .
Não há modo de reprimir tal comportamento. Ninguém consegue obrigar outrem a se alimentar, ainda que o leve para o hospital e lhe injete soro. Tal protesto é capaz de desestabilizar o oponente. Portanto, a Repressão acostumada a trancafiar, torturar ou exilar vozes dissonantes, não vai conseguir se omitir diante do que tem a dizer um corpo a mingua.
2 comentários:
Acho que a escolha por esse tipo de protesto, muitas vezes deva ser um ato extremo. Claro que quando se dirije o olhar apenas em um único sentido.
Mas, às vezes, a atitude tem que ser extrema para que nos faça reagir e pensar além do que a propaganda diz. E aí choca e quem sabe algo muda.
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