sexta-feira, janeiro 13, 2012

As marcas da vida

A gravidez me trouxe estrias na barriga. As tão temidas, pelo menos, para mim. Apesar do creme trazido dos Estados Unidos ser usado diariamente duas, três vezes ao dia, não foi suficiente para conter as devastadoras marcas. Isso porque já tenho tendência a estrias e, não sei porquê, apareceram justamente no lugar em que Max mais chuta, empurra com a cabeça ou com o bumbum. Em vez de odiá-las, estou procurando vê-las de outra forma. Afinal de contas, serão as marcas que ficarão quando meu pequeno estiver neste mundo. Elas serão a prova viva de sua passagem por este corpo.
A mãe de uma amiga diz que as rugas, linhas de expressão e outras marcas que ficam no nosso corpo contam a nossa história. Por isso, em vez de querer apagá-las e fingir que não existem, temos que lembrar que fazem parte de momentos bons ou ruins, que passaram por nossa vida de forma intensa.
Por isso, aquela cicatriz no queixo, é a lembrança de um dia da infância em que resolvi correr no recreio do colégio e caí. Aos quatro anos, já tinha fôlego de sobra para gritar pela polícia e pelo bombeiro enquanto costuravam dois pontinhos naquele corte.
A estria que tenho em meu joelho, lugar raro de isso acontecer, apareceu lá pelos 10 ou 11 anos, mostrando que eu estava crescendo e estava prestes a sair da infância, para saborear a adolescência.
A marca de vacina no braço é um dos resquícios da minha infância remota, de que nem me lembro mais. Assim como, a queimadura que tenho perto do pulso direito, que me acompanha desde o meu primeiro ano de vida, quando minha mãe passou com uma panela quente e, eu, me debatendo na cadeirinha de comer, encostei o bracinho. Foi o suficiente para que ela e meu pai caíssem aos prantos junto comigo.
O que eu quero dizer é que é possível aceitar melhor nossas imperfeições e tratá-las com carinho, em vez de apelar para as plásticas, que transformam uma das nossas maiores bençãos, que é o nosso corpo, em algo artificial, superficial e desprovido de conteúdo. Não vamos nos transformar em corpos vazios de histórias, que descrevem uma vida muito mais focada na aparência do que na essência.

2 comentários:

Renata Porto - ou Renatinha, como preferir. disse...

Amei, Amiga!!! Concordo em gênero, número e grau! Parabéns pelo texto! Vc continua ótima!

karollbessa@hotmail.com disse...

Oi, Renatinha. Obrigada!