terça-feira, junho 28, 2011

A criminalização da homofobia - por um debate de alto nível

A discussão da vez é a criminalização da homofobia. É notório que grande parte da sociedade enxerga com maus olhos discursos como os de Bolsonaro e Myrian Rios. E, na opinião, é legítimo repudiar tais discursos. Não porque eles não tenham o direito de se manifestar com ideias contrárias. Mas porque os argumentos são distorcidos e preconceituosos. A tal deputada estadual confunde homossexualidade com pedofilia. E francamente, isso ofende a honra dos gays, porque os trata como criminosos. Acho válido o debate sobre as leis que criminalizam a homofobia, até para que possamos chegar à real discussão se é necessário criar uma lei que torne crime tais condutas preconceituosas ou se esse grupos já estão protegido pelo Código Penal quando se fala em crimes contra a honra ou, por exemplo, em lesão corporal ou outras penas aplicadas a quem pratica violência contra o grupo. É interessante argumentar quais são os parâmetros e até que ponto as pessoas que têm opiniões contrárias estariam sendo punidas por ter a liberdade de se expressar coibida. Quais os limites que deveriam ser previstos nas leis e por aí vai.
Na realidade, os debates são tão mesquinhos e rasteiros como aqueles feitos em relação ao aborto há meses. As pessoas tentam defender suas ideias levando em conta questões religiosas. Sinceramente, isso empobrece a discussão e distorce as reais intenções de quem se vale desse argumento para ser contra uma ou outra coisa.Não vamos ser hipócritas de dizer que não carregamos preconceitos de qualquer tipo. Se não é em relação à orientação sexual, é em relação a outros grupos. Mas quando me perguntam:"ah, você não tem qualquer tipo de preconceito contra ninguém?", eu respondo: "tenhor, mas não me orgulho em nada de ter". Em vez de ficar propagando ideias preconceituosas, deveríamos fazer um exercício diário para entender porque temos algum tipo de preconceito e o que podemos fazer para exterminá-lo de dentro de nós. Acima de tudo, todo mundo, qualquer grupo, seja minoria social ou até maioria, merece ter sua dignidade preservada e respeitada. As pessoas devem ser julgadas por seu caráter e não por pertencer a um ou outro grupo.



.

quarta-feira, junho 22, 2011

A vida virou um reality show

Quando os blogs foram criados, muita gente disse que todo mundo estava se expondo, fazendo verdadeiros diários, que deixaram de ser secretos e trancados à chave para cair no cyber espaço. Muita gente contava o que tinha feito, o que iria fazer, como estava a relação com o namorado/noivo/marido. Imaginávamos que a internet tinha vindo para ser uma verdadeira rede de fofocas.
Só que, na época, não se imaginava que as redes sociais fariam muito pior. Antes, só entrava em um blog quem era amigo do autor ou quem o descobria em sites de busca. No Orkut, as pessoas começaram a deixar recados umas para as outras e colocar fotos de férias, de aniversário, de ocasiões especiais.
Aí veio o Facebook que nos transformou em verdadeiros participantes de reality show. Todas as pessoas da sua lista são capazes de saber o que você faz durante todo o dia e onde esteve. Para isso, basta que você seja alguém disposto a contar seus passos. Estou falando aqui, mas procuro me policiar para não me expor, tampouco expor meu marido e minha família. Há pessoas com descrição neste mundo e é preciso respeitá-las. Além disso, é preciso ter prudência e buscar aquela esquecida privacidade, que nos fazia, pelo menos no aconchego do nosso lar, seres anônimos dispostos a viver um pouco a intimidade.

quinta-feira, junho 16, 2011

Dona Naninha

Quando estou no trânsito sozinha, muitas vezes, me vejo pensando em alguns momentos da minha vida e em pessoas que por ela passaram. Hoje lembrei da vovó Ana ou dona Naninha, como muitos a conheciam. Ela se foi aos 80 anos, quando eu ainda tinha 13. Naquela época, ainda não tinha o hábito de sentar para ouvir as histórias dos mais velhos. Estava preocupada em brincar e começava a pensar em namorar.
Minha avó era uma boa pessoa, daquelas velhinhas calmas e tranquilas que vemos em filmes. Tenho poucas lembranças dela aborrecida. As suas únicas brigas eram para dar uma bronca no filho caçula. E o filho caçula já era um homem de 50 anos, no caso, meu pai.
Dona Ana era única na arte de fazer bolinhos de chuva. Nunca comi nenhum tão bom quanto os que ela fazia. Sempre levava uma latinha com um punhado  para as festas de família a que era convidada. Infelizmente, a receita se foi com ela. Tenho uma prima que até sabe fazer, mas não ficam tão fofinhos. Eram tão marcantes, que a tal guloseima era conhecida entre a gente como "o bolinho da vovó Ana"
Ela era uma senhorinha morena, alta e magra, que fazia um coque com seus cabelos branquinhos. Nascida e criada no interior da Bahia, falava palavras que só ela entendia. Usava vestidos estampados, daqueles que têm cinto de pano combinando. Ela usava anágua. E foi a última pessoa que vi usando essa peça de vestuário.
Conhecia no bairro, o padeiro, o açougueiro e o sapateiro. Andava devagarzinho, com aqueles passos curtinhos ia para lá e para cá. Não era raro, nos depararmos com ela, atravessando uma rua próxima. E dava aquela pontada no coração, de vê-la andando lentamente, enquanto motoristas afobados a esperavam cruzar a pista.
Na sua casa, tinha uma TV que sempre pegava mal. Geralmente íamos visitá-la aos domingos, no final da tarde. Para meu desespero,  passava naquele horário o meu programa preferido: Menudomania, com os meninos portoriquenhos que eram uma febre de meninas da época. E aquela televisão, sempre com chuvisco, me dava nos nervos. Isso me fazia abreviar a visita, para ir correndo para casa. Hoje lamento de não ter aproveitado mais a minha vózinha. Se eu soubesse que ela partiria tão rápido, eu teria curtido mais a velhinha. Enfim, são momentos que se vão, mas tornam-se imortalizados na memória.

segunda-feira, junho 06, 2011

A vida não é sopa, mas pode ser

Com a chegada do inverno, uma boa pedida é tomar sopa. Eu sempre detestei esse prato. Talvez seja um trauma de infância,  porque minha avó sempre nos obrigava a tomar. Na casa dela, o jantar era composto de sopa, refeição principal e sobremesa. Por isso, para chegar ao que eu gostava de comer, não tinha atalho. Ela dizia que primeiro era preciso começar pela sopa. Eu empurrava aquele prato cheio só para chegar no arroz, feijão e bife.
De lá para cá, perdi o costume de tomar sopa. Entretanto, desde que degustei uma feita de abóbora na casa da minha sogra, resolvi adotar essa prática à noite. Na semana passada, repeti a dose lá em casa. Agora, vou apostar na sopa de ervilha.

A vida em 2011

Pessoas que são desorganizadas como eu precisam fazer listas. Pois é, cumpri a primeira meta do ano, mas as outras ainda nem comecei. Está na hora de voltar para a dieta e fazer caminhadas matinais. Em paralelo, é necessário me dedicar um pouco à monografia.
Como procuro ser otimista, também vale, para aumentar a autoestima em dias de TPM, uma lista de coisas boas que já aconteceram em 2011:
1 - O nascimento do Rafael. Meu novo sobrinho nasceu e é uma criança linda!
2 - Ser madrinha da Mariana. Eu sempre adorei a pequena, mas de um mês para cá, todos têm incentivado que ela me chame de dinda. É porque um dia ela se referiu a mim assim. E é claro que eu topo ser sua madrinha. Amo essa menina desde o primeiro dia que a vi.
3 - As bodas de esmeralda dos meus pais. Foi uma festa linda e deu para matar as saudades de muita gente querida.
4 - O convívio maior com a família do marido depois que o Rafa nasceu. Impressionante como a chegada de um bebê é algo agregador. O clima é ótimo!